Uerj é destaque na 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Zona Oeste
A edição de 2024 da SNCTZO apresentou ao público 142 oficinas, além de exposições e experiências científicas com o tema geral “Biomas do Brasil: diversidades, saberes e tecnologias”. Do total de oficinas, 78 – mais da metade do evento – foram apresentadas pelas unidades da Uerj-ZO, sob a coordenação de 30 professores da Universidade e com a participação de aproximadamente 300 alunos.
Iniciativas da Uerj-ZO em oficinas e apresentações
Bolsista do projeto de extensão “Tudo em 20 Podcast”, a aluna da Faculdade de Ciências Biológicas e Saúde (FCBS) da Uerj-ZO Wanie Nascimento apresentou a iniciativa, que propõe divulgar temas científicos ligados à saúde, à biologia e às ciências agrárias. O projeto produz podcasts temáticos ou de entrevistas, sempre com duração aproximada de 20 minutos, veiculados em plataformas como o Spotify e YouTube. “A gente divulga assuntos de interesse comunitário, procurando expor os temas em uma forma bem lúdica, usando uma linguagem simples, com o intuito de democratizar a ciência, e até mesmo de desconstruir algumas fake news, usando o conhecimento científico. Para isso, muitas vezes realizamos entrevistas com especialistas”, explica.
Os manguezais do bairro de Guaratiba são um dos objetos de estudo do “Núcleo de Estudos em Manguezais”, o Nema, projeto apresentado no evento. Vitor Tutunji, biólogo marinho e bolsista Qualitec pelo programa InovUerj, conta que o Núcleo já estuda manguezais pelo Brasil há mais de 30 anos. O objetivo é compreender como eles se comportam ao longo do tempo. “Um dos estados em que temos uma parcela desses ecossistemas monitorados é o Rio de Janeiro. Conseguimos descobrir que os manguezais dessa parcela em Guaratiba, aqui no litoral da Zona Oeste, já estão se movimentando por causa das mudanças climáticas, principalmente devido ao aumento do nível do mar”, revela Tutunji.
Entre as oficinas apresentadas pela Uerj-ZO, outro destaque foi o projeto de desenvolvimento de novos produtos à base de insetos comestíveis, sob a coordenação de dois laboratórios, o Laboratório de Alimentos e o Laboratório de Tecnologia de Produtos Naturais. A professora Aline Fonseca, da FCBS, explica que essa matéria-prima considerada pela população como não convencional já é usada em vários países. Os estudos preveem a secagem e a moagem dos insetos, para serem transformados em insumos na fabricação de produtos, como biscoitos, pães e massas, entre outros. “Ainda não temos legislação no Brasil para consumo humano de insetos, uma opção bastante nutritiva e ambientalmente sustentável. A indústria europeia, por exemplo, já tem uma legislação”, completa.
A aluna Renata Salles, da Faculdade de Farmácia da Uerj-ZO, apresenta o projeto “Recado farmacêutico”, que trata da conscientização sobre o uso de medicamentos e da sua utilização e descarte, bem como de suas embalagens primárias e cartuchos. “Procuramos conscientizar como o descarte inadequado pode ser maléfico para os biomas do Brasil, contaminando os solos e os rios, e buscamos informar que existem locais adequados para o descarte em drogarias, em clínicas da família, e na Uerj-ZO temos também um desses locais”, conclui.
Outra oficina ligada à FCBS apresentada na SNCTZO, com o nome de “Abelhas-sem-ferrão: polinizando educação e consciência ambiental”, coordenada pelo professor João Bosco de Salles, buscou promover a educação ambiental e a proteção das abelhas-sem-ferrão, mostrando à sociedade a sua existência na região da Zona Oeste, como explica o coordenador. “São 250 espécies de abelhas-sem-ferrão no Brasil, com potencial na produção de mel e de outros produtos com importância econômica. Trata-se de espécies naturais nativas do país, e por isso são também conhecidas como ‘abelhas-indígenas’. Temos 50% da biodiversidade desses insetos”, complementa Salles. Ele informa que a divulgação do projeto é realizada em escolas públicas da região, para onde a equipe leva caixas de madeira contendo as abelhas, cobertas com material transparente para visualização.
“Botânica extramuros” é o nome do programa coordenado por Cristiane Pimentel, professora associada da FCBS, que tem o objetivo de popularizar os estudos na área da botânica. “A ideia é tornar a botânica mais interessante e dinâmica, trazendo atividades que possam envolver o público do ensino fundamental e do ensino médio”, observa. Na mesma linha, foram apresentadas no evento as oficinas de hidroponia, de plantas medicinais e de reciclagem de óleo, coordenadas pela professora Marise Mello, também da FCBS. “Uma das atividades é promover a educação ambiental junto aos alunos da Escola Presidente Médici, em Bangu, onde levamos alguns estágios das plantas usando a técnica da hidroponia para eles conhecerem. Também procuramos resgatar e retransmitir conhecimentos sobre as plantas medicinais e conscientizar sobre o descarte adequado de óleo”, exemplifica Marise.
Protagonismo da Uerj na SNCTZO
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Zona Oeste surgiu em 2005 pela mobilização de instituições da região para a realização do evento em uma praça em Pedra de Guaratiba. “É um espaço de integração com a comunidade para a aprendizagem de ciência e tecnologia de forma lúdica e com apresentações culturais”, explica Ida Carolina Neves, professora do Departamento de Biologia da Uerj-ZO e atual coordenadora-geral da SNCTZO.
Ida conta como a Uerj-ZO foi acolhida por esse movimento, em 2011, e, desde então, além de integrar a Comissão Organizadora da SNCTZO, a Universidade realiza oficinas com diferentes temas relacionados a seus cursos e projetos em andamento. “Em 2012, quando foi necessário escolher uma instituição para capitanear todo o processo de coordenação do evento, a Uerj-ZO – antiga Universidade Estadual da Zona Oeste (Uezo), na época – foi escolhida. Todos os participantes entenderam de forma unânime que, como existe uma universidade pública na região, esta deveria ficar no papel de coordenadora-geral de um evento desse porte”, lembra Ida.
Catharina Eccard Fingolo, diretora da FCBS, destaca a importância da SNCTZO para impulsionar o desenvolvimento da região e para a construção de laços institucionais entre os participantes, e endossa a visibilidade que a Uerj-ZO recebe devido ao seu papel de coordenadora-geral. “Nosso papel de destaque faz com que os professores se inscrevam e participem mais, os alunos também. A maior parte do público é formada por estudantes das escolas públicas municipais e estaduais da região, e conseguimos despertar neles o interesse pela nossa instituição”, aponta.
“O aluno do ensino médio que tiver a intenção de seguir nas áreas de Ciências Biológicas, de Farmácia ou nas áreas de Engenharias e de Exatas, já aprende que consegue frequentar esse curso aqui na Zona Oeste”, completa Aline Fonseca, vice-diretora da FCBS. “Induzimos também o desenvolvimento da região, e quanto mais atrairmos o estudante para a nossa Universidade, mais o entorno se desenvolve”, finaliza.
Instituições organizadoras
Além da Uerj-ZO, também participam da Comissão Organizadora da SNCTZO o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), a 9ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação – Secretaria Municipal de Educação), o C.R.A.S. Cecília Meireles e a Fundação Angélica Goulart.